Alimentação e diabetes, qual a relação entre esses dois fatores e como eles influenciam em nossa vida? Os alimentos que ingerimos diariamente são fontes de carboidratos, proteínas e gorduras. Cada um deles fornece a energia e os nutrientes necessários para o correto funcionamento dos nosso organismo.
O processo digestivo começa na mastigação e tem como aliados de suma importância, inúmeros hormônios que funcionam como sinalizadores da chegada dos alimentos. Dentre essas substâncias está a insulina produzida pelo pâncreas.
A insulina tem como função controlar a quantidade de glicose no sangue após a alimentação. Ela informa as células de que a glicose deve ser absorvida e assim, garante o controle dos níveis de glicose no sangue. No caso de um mau funcionamento da insulina, surge uma condição conhecida como diabetes.
O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio metabólico que se caracteriza por hiperglicemia causada por defeito na ação e/ou secreção de insulina, que leva a alterações no metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas, o que, em longo prazo, representa um comprometimento da função e estrutura vascular de diferentes órgãos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, existem atualmente, no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional. Sabe-se que a melhor forma de lidar com uma doença é prevenir-se, com a prática regular de atividades físicas, mantendo uma alimentação saudável e evitando consumo de álcool, tabaco e outras drogas.
Alimentação e Diabetes: Tipos de diabetes
O Diabetes Mellitus pode se apresentar em dois tipos principais, a Diabetes Tipo 1 e a Tipo 2. Mas também pode ocorrer em mulheres durante a gestação, conhecida como diabetes gestacional.
Tipo 1
O diabetes tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos. Essa forma do diabetes corresponde entre 5 a 10% dos casos de diabetes e existe um fator genético envolvido de forma que, pessoas com parentes próximos que têm ou tiveram a doença devem fazer exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue.
Nesta forma da doença, o sistema imunológico ataca as células que produzem a insulina. Assim, não há produção suficiente para fazer com que a glicose entre nas células, permanecendo na corrente sanguínea, ocasionando aumento nas taxas de glicemia.
O tratamento para o diabetes tipo 1 é a insulinoterapia, que consiste na administração de insulina por via subcutânea (por baixo da pele). Não existem comprimidos de insulina, pois não é possível absorvê-la sem que os ácidos do estômago a destruam.
A causa do diabetes tipo 1 ainda é desconhecida e a melhor forma de preveni-la é com práticas de vida saudáveis (alimentação, atividades físicas e evitando álcool, tabaco e outras drogas).
Tipo 2
Por sua vez, o diabetes tipo 2 ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. A causa do diabetes tipo 2 está diretamente relacionada ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados. Representa o tipo encontrado em 90% dos pacientes com o diagnóstico da doença no Brasil.
Pelo fato de o diabetes tipo 2 está ligado a essas condições, é essencial manter acompanhamento médico para tratar, também, dessas outras doenças, que podem aparecer junto com o diabetes.
Com o agravamento do diabetes tipo 2, pode surgir, em adultos, o Diabetes Latente Auto Imune do Adulto (LADA). Neste caso, existe um desenvolvimento de um processo autoimune do organismo, o qual começa a atacar as células pancreáticas conhecidas como células beta, responsáveis pela produção da insulina.
Embora esse processo ocorra de maneira bem mais lenta que no diabetes tipo 1, o que permite controlar a glicemia com medicamentos orais por mais tempo, o paciente pode se tornar insulino dependente mais rapidamente que no diabetes tipo 2.
A Diabetes Gestacional é um estado temporário que ocorre durante a gestação. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser classificado como diabetes tipo 2.
Toda gestante deve fazer o exame de diabetes, regularmente, durante o pré-natal, uma vez que, mulheres com a doença têm maior risco de complicações durante a gravidez e o parto. Esse tipo de diabetes afeta entre 2 e 4% de todas as gestantes e além das possíveis complicações no parto, implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes para a mãe e o bebê.
Meu médico me disse que estou pré-diabético, e agora?
Primeiramente é importante saber o que representa o estado da pré diabetes: ele ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não estão elevados o suficiente para caracterizar um Diabetes Tipo 1 ou Tipo 2.
É um sinal de alerta do corpo, que normalmente aparece em obesos, hipertensos e/ou pessoas com alterações nos lipídios. Importante é atender a esse alerta o corpo. Essa é a única etapa do diabetes que ainda pode ser revertida, prevenindo a evolução da doença e o aparecimento de complicações.
A mudança de hábito alimentar e a prática de exercícios são fatores decisivos para o sucesso no controle dessa condição.
O que fazer para controlar a alimentação e diabetes?
Por se tratar de uma doença do metabolismo, deve haver um controle rigoroso das condições que venham a surgir em decorrência da doença. No entanto, a principal ferramenta que o paciente tem à disposição é o controle da alimentação e do peso corporal.
Avaliações e adaptações do estilo de vida do diabético devem ser estimuladas para auxiliarem no controle das taxas Para auxiliarem no controle das taxas glicêmicas, devem ser estimuladas avaliações e adaptações do estilo de vida do diabético.
O excesso de peso é um fator independente de risco para doenças cardiovasculares, Hipertensão arterial sistêmica e do aumento das concentrações de lipídios no sangue (dislipidemia) estando fortemente relacionados ao desenvolvimento do Diabetes Mellitus.
A redução de 5 a 10% do peso corporal associa-se à melhora significativa do controle metabólico e dos níveis de pressão arterial.
No entanto, dietas radicais não devem ser adotadas, pois resultam em uma perda súbita e intensa de peso e de massa magra e redução do gasto energético total. Essas perdas bruscas podem levar ao aumento da massa gorda no período após a dieta.
Mas, então, em relação à alimentação, o que pode ser feito?
A Sociedade Brasileira de Diabetes, dá as seguintes orientações gerais acerca da alimentação do diabético:
- A alimentação deve ser fracionada em seis refeições (3 principais e 3 lanches), dando preferência aos grelhados, assados ou cozidos, legumes crus e cozidos;
- Respeitando as condições econômicas e preferências da família, os alimentos diet, light e zero não precisam ser utilizados de forma exclusiva. Lembrando que o açúcar não eleva a glicemia de forma superior aos outros carboidratos, quando ingeridos em quantidades equivalentes;
- Devem estar presentes na alimentação as fibras provenientes de frutas – 2 a 4 porções diárias, verduras e legumes – 3 a 5 porções ao dia; feijão; lentilha; farinhas integrais; farelos de aveia e cereais integrais como o arroz integral e a aveia;
- Limitar o consumo de sódio a 5 gramas diárias ou 2000 mg/dia e para os hipertensos, 1500 mg/L diárias. Limitando ao máximo ou até excluindo da alimentação, o consumo de embutidos, conservas, enlatados, defumados, macarrão instantâneo, entre outros alimentos ultraprocessados;
- Limitada a 1 dose ou menos deve ser a ingestão de álcool para mulheres e 2 doses para homens. Associada a alterações do balanço glicêmico e à elevação da resistência à insulina, está a ingestão excessiva de etanol (>30g/dia).
Com hábitos de vida que incluem a educação nutricional, a prática regular de exercícios físicos e o monitoramento pelos profissionais de saúde são ferramentas indispensáveis para o controle da doença.
Consideradas devem ser as preferências pessoais para a prática de exercícios físicos. Assim como as limitações devido a idade e complicações crônicas que a diabetes traz.