Será que o café faz mal? Amado por muitos, ingerido por milhões, o café é uma das bebidas mais consumidas nos lares brasileiros.
Presente desde o desjejum, seu consumo se alonga durante o dia e gera dúvidas quanto aos benefícios e malefícios que pode trazer. Inúmeros estudos já foram realizados no intuito de desvendar a relação entre os compostos presentes no café e a sua influência na saúde de quem consome a bebida.
Hoje em dia, já se sabe que a bebida café, obtida através de uma solução aquosa a partir do café torrado e moído, possui cafeína, ácidos clorogênicos/quinídeos, niacina, sais minerais e centenas de compostos voláteis responsáveis pelo aroma e o sabor. Seu valor calórico é mínimo, a não ser que seja adicionado açúcar à bebida.
Através desses estudos também sabemos que o processo de torra e até a forma como é feita a bebida influencia em suas propriedades. No Brasil, por exemplo, as técnicas culinárias mais comuns são de prepará-lo ao estilo escandinavo (sem filtração do pó), filtrado (filtro de papel), café à brasileira (filtro de pano) e café expresso, além do uso do café instantâneo ou solúvel e cada uma dessas maneiras resulta em uma quantidade de cafeína.
Café faz mal? O segredo é a quantidade!
Estima-se que uma xícara de 150mL de café contenha de 66 a 99 mg de cafeína no café infusão, 66 a 81 mg de cafeína no instantâneo, 48 a 86 mg de cafeína no fervido, de 58 a 76 mg de cafeína no expresso e de 1,3 a 1,7 mg de cafeína no descafeinado.
A cafeína representa entre 1% a 2,5% da composição do café. Possui propriedades estimulantes, que atuam diretamente no sistema nervoso central e contribuem para manter o organismo em estado de alerta. A cafeína também reduz a sensação de fadiga e ajuda a manter o foco e a concentração, melhorando o raciocínio.
Os ácidos clorogênicos, por sua vez, possuem atividade antioxidante, ou seja, protegem as células do organismo contra a ação dos radicais livres, prevenindo o envelhecimento celular, diminuindo a incidência de alguns tipos de câncer, inibição de inflamações e até de doenças cardiovasculares. Além disso, alguns estudos mostram que esses ácidos auxiliam na redução da gordura abdominal.
E o excesso, o que acontece?
No entanto, o consumo excessivo, representado por cerca de mais de três xícaras por dia ou 400 mg de cafeína, pode causar insônia, prejudicar a absorção de alguns nutrientes, resultar no amarelamento dos dentes e no desenvolvimento de gastrite, já que se trata de uma bebida com alta acidez. Bem como, se consumido com açúcar e em excesso, torna-se um sabotador da dieta, também.
Ainda mais com os estudos existentes que investigaram a influência do consumo do café sobre as doenças cardiovasculares ainda trazem resultados conflitantes. Sendo assim, tal fato, provavelmente, se deve à presença de substâncias com efeitos antagônicos em potencial. Ou seja, ao mesmo tempo antioxidantes e com potencial para a elevação do colesterol sérico e para o aumento agudo da pressão arterial sistêmica.
No entanto, como manda a sabedoria popular, a maioria das coisas em excesso faz algum mal à saúde, o café tem muitos benefícios desde que consumido com moderação. Afinal, lembre-se que a bebida café não é o único veículo para o consumo de cafeína, ela está presente em refrigerantes e chás!
Fonte:
Encarnação, Ronaldo de Oliveira. O café e a saúde humana / Ronaldo de Oliveira Encarnação, Darcy Roberto Lima. Brasília: Embrapa Café, 2003. 64 p. Disponível em https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/885988/cafe–saude-humana